julho 06, 2006

Pegadas no nunca mais tarde


por estes dias foge-me o caminho dos pés...
sobe-me um sentir de silêncio pelas horas dos meus dias...
lembra-me que se possivel poderia ter tudo e mesmo assim não ter nada
absolutamente nada
ou absolutamente tudo...
e mesmo assim viver
sobreviver
conviver
acima de tudo reviver!...
faz-me lembrar essa cor vermelha
de um rubor na face...
de um ardor inconsciente...
de uma forma de divagar por caminhos suspensos
imensos
de um modo concreto assalta-me uma imagem de um sentir inebriado
sinto que se voasse...
se voasse...
perderia os sentidos mesmo antes de os encontrar
chegava onde queria mesmo antes de o saber...
e mais cedo ou mais tarde podia ver tudo outra vez
mesmo de olhos fechados
sentia essa respiração
essa presença
desse caminho que me foge dos pés
dessa vida que teima em andar para trás...
sou mais eu
apesar de não o ser
já fui bem mais...
e no fundo apenas deixei correr o tempo desgovernado
rumo a uma música distante
a um café mais que quente, bem frio...
deixei que se me fugisse entre os dedos das mãos esse tempo
por entre as cordas que seguram o navio
por entre o nevoeiro rumo ao rochedo mais distante...

texto | rui marques
foto | www.tenebris69.deviantart.com

3 comentários:

Anónimo disse...

Lindo... como só poderia ser, escrito por alguém especial...
Vou deixar.te com uma mensagem de Ricardo reis que transmite o que queria dizer-te nesta nova fase da tua vida que está prestes a começar: "Para ser grande, sê inteiro, nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim em cada lago, a lua toda brilha, porque alta vive." beijinho

Anónimo disse...

por acaso... simplesmente brilhante e a foto então.. magnifica!
abraço meu irmão

Anónimo disse...

Estás a ficar mais maduro, a reaprender a usar o teu tempo e o teu espaço. És único e fantástico. Continua a escrever, estás no bom caminho.

Um beijinho muito grande