março 28, 2010

Amanhã

Parece que naquele dia as noites seriam outras
mas no entanto ele remava desnorteado rumo ao destino do seu desejo...
Há já muito tempo que lhe surgiam no pensamento rumores desse seu fado
impertinente, impetuoso e quiçá um pouco obstinado.
Quis a sorte, ou talvez não, que nesse dia se cruzassem no mesmo plano
no mesmo olhar, na mesma gota de suor
nos seus pequenos mundos.
Pareceu-lhes que naquele dia as noites seriam todas no mesmo tom,
no mesmo timbre
na mesma página!
Num seco "olá" embrulharam-se em novelos de contar e recordar momentos
como se naquela noite coubessem tantos dias
dos quais já pouco ou nada se lembram
ou porventura nunca os teriam deixado de viver.
No alto daquelas horas observam-se curvados perantes os seus espectros
e todo o caminho percorrido até ao dia em que seriam noites.
Sentados frente a frente entrelaçam as mãos numa mistura difusa
de suor frio e rubor...
"Porquê?" questionam-se silenciosamente sem o dar a conhecer ao outro...
Pareceu-lhes, então,
naquela fracção de segundo que ambos já sabiam a resposta...
Parece-me que naquele dia
todos os outros seriam noite
e eles apenas queriam ver...

texto | rui marques
imagem | phenomdesire>brightness tomorrows @ deviantart.com

3 comentários:

Rui Sousa disse...

Bom regresso... ja aguardava algum tempo pela tua escrita... aquele abraço

Dina disse...

Que prazer re(ver)ler-te caro amigo! Uma beijoca

pbx disse...

Nice!! Abraço companheiro!