dezembro 16, 2006

Um Livro ConVida

"- Por favor, prende-me a ti. Só conhecemos as coisas que prendemos a nós - disse a raposa.
- E o que é que é preciso fazer - disse o principezinho.
- É preciso ter muita paciência. Primeiro sentas-te um bocadinho afastado de mim, assim, em cima cima da relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não dizes nada. Mas todos os dias te podes sentar um bocadinho mais perto...
E o principezinho voltou no dia seguinte.
- Era melhor teres vindo à mesma hora.
- Se vieres, por exemplo, às 4 horas, às 3 já eu começo a ser feliz. E quanto mais perto for da hora, mais feliz me sentirei. Às 4 em ponto já hei-de estar toda agitada e inquieta; é o preço da felicidade! Se vieres a uma hora qualquer não saberei quando hei-de arranjar meu coração, pô-lo bonito... são precisos rituais.
- O que é um ritual? - perguntou o principezinho.
- Também é uma coisa de que toda a gente se esqueceu. É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias a uma hora certa.
- Adeus raposa...
- Adeus - disse a raposa... mas antes vou contar-te um segredo. É muito simples: Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos... Foi o tempo que perdeste com a tua flor, a tua Rosa, que tornou a rosa tão importante para ti... os homens já se esqueceram desta verdade, mas tu não te deves esquecer dela. Ficas responsável para todo o sempre por aquilo que está preso a ti. Tu és responsável pela tua Rosa...
- Sou responsável pela minha Rosa. - repetiu o principezinho para nunca mais se esquecer!"

texto | o principezinho>antoine saint-éxupery
imagem | 1997, pastels, illustration>http://www.math.cmu.edu/~pikhurko/art/portraits.html

1 comentário:

Anónimo disse...

talvez uma as passagens mais bonitas da história da literatura contemporânea.

ana sã
www.anasaestaca.blogspot.com