outubro 12, 2008

A Janela


Ao longe, a respiração ofegante da planície tolda-lhe o sentir da paisagem
ocultando-lhe, lentamente, todo e qualquer vislumbre do que o rodeia
do que o envolve, do que o compõe...
As nuvens difíceis desabam os seus pensamentos no que resta da sua consciência terrena
e que, sem sequer se saber muito bem como, o colocou ali...
Naquele preciso instante!
Naquela janela de tempo!
Naquela imensa redoma asfixiante...

Soubera ele que a música que o transportou naquele preciso momento,
ninguém a escutaria senão ele
e desenfreadamente agarrar-se-ia a toda a uma vida de conhecimento
que não seria senão pó
e de nada lhe servia a não ser para se arrepender
de o ter tomado como seu
grão a grão...

Aquela planície que o envolve, suada, orienta-lhe o caminho
e no entanto ele não o sabe, nunca soube
nunca o saberá...
Porque o magnetismo da bússola da sua mente secou aos primeiros raios de sol...
Estagnou!
Desertou...
E assim, ficou para sempre só
num clímax esfuziante de ter encontrado todo um sentido para si
no preciso momento em que se perdeu!
E isto tudo, enquanto a velha janela de madeira se encerrava sobre si...

texto rui marques
foto janela by rafajija > www.deviantart.com

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