junho 29, 2006

No Escuro



Já não há poemas para escrever...
acabaram todos por desaparecer em uma tarde de verão! desamparadas ficaram estas folhas de papel e a caneta que dançava
Ao som da musica que emanavam...
Quadra ante quadra, verso ante verso, foram saindo sozinhos...
Acompanhados pela melancolia das folhas
a dançar ao som do vento...
Linha após linha, sentimento após sentimento, sumiram-se no pó de uma tarde de calor com cheiro a chuva...
Já não há musica para tocar não há musica para dançar Nem a caneta
Nem...
as folhas de papel
Desapareceu tudo... tudo...
no fim daquela tarde de verão... E nem os poemas ficaram para ler...

texto | rui marques
foto | www.deviantart.com

junho 20, 2006

Mar Morto


A noite caiu sobre o cais, sobre o mar, sobre mim...
As ondas fracas, contra o molhe, são vozes calmas de afogados.
O luar marca uma estrada clara e macia nas águas,
mas os barcos que saem podem procurar mais noite,
e com as suas luzes vão pôr mais estrelas além ...
O vento foi para outros cais levar o medo,
e as mulheres, que vêm dizer adeus e cantar,
hoje sabem canções com mais esperança,
canções mais fortes que a ressaca,
canções sem pausas onde passe uma sombra da morte...
Velhos marítimos ? a terra é já a sua terra ?
olham o mar mais distante e têm maior saudade...
Pára o rumor duns remos...
Não vão mais às estrelas as canções com noite, amor e morte...
Penso em todos os que foram e andam no mar,
em todos os que ficam e andam no mar também ...
E a luz do farol, lá longe, diz talvez...

foto | samuel rodrigues
texto | alberto de serpa

junho 18, 2006

Todo o Amor do mundo não foi suficiente

todo o amor do mundo não foi suficiente
porque o amor não serve de nada.
ficaram
os papéis e a tristeza,
ficou só a amargura e a cinza dos cigarros e da morte.
os domingos
e as noites que passámos a fazer planos não foram suficientes
e foram demasiados porque hoje são como sangue no teu rosto, são como lágrimas.
sei que nos amámos muito e um dia, quando já não te encontrar em cada instante, cada hora, não irei negar isso.
não irei negar nunca que te amei.
nem mesmo quando estiver deitado, nu, sobre os lençois de outra e ela me obrigar a dizer que a amo...

texto | josé luís peixoto>todo o amor do mundo não foi suficiente
música | a naifa>todo o amor do mundo não foi suficiente
foto | rui sousa>http://apontaedispara.blogs.sapo.pt

junho 16, 2006

Ontem...

Ontem
saí por aí
navegando...
Hoje
tenho medo de voltar
à terra estranha
a ter terra nos pés.
Quando a noite caiu
achei que tinha algo a dizer
do silêncio (dele)
mas antes de dizer
caio também
no absurdo
antes de dizer
escuto...

texto | adriana lustosa>ontem
foto | rui sousa>http://apontaedispara.blogs.sapo.pt

Estados de espírito


E por vezes as noites duram meses E por vezes os meses oceanos E por vezes os braços que apertamos nunca mais são os mesmos E por vezes
encontramos de nós em poucos meses o que a noite nos fez em muitos anos E por vezes fingimos que lembramos E por vezes lembramos que por vezes
ao tomarmos o gosto aos oceanos só o sarro das noites não dos meses lá no fundo dos copos encontramos
E por vezes sorrimos ou choramos E por vezes por vezes ah por vezes num segundo se envolam tantos anos


texto | david mourão-ferreira
foto ! sérgio murillo > www.olhares.com/sergiomurillo

junho 01, 2006

Angels on the sideline again


Monkey killing monkey killing monkey
over pieces of the ground.
Silly monkeys give them thumbs they make a club,
And beat their brother down.
How they survive so misguided is a mystery.
Repugnant is a creature who would squander the ability,
To lift an eye to heaven, conscious of his fleeting time here

Angels on the sideline again,
Benched along with patience and reason.
Angels on the sideline again,
Wondering where this tug of war will end


Uma experiência única... Transcendente...

TOOL
26 | o5 | 2006
texto| maynard james keenan